quinta-feira, 10 de setembro de 2009

“A Meditação sobre o Tietê em Obras”


Terça feira, 08 de setembro de 2009 cheguei a São Paulo às 16hs vindo do Vale do Paraíba para uma reunião na Câmara Municipal às 17hs, e encontrei uma cena dramática, a via Marginal Tietê completamente parada.
Motivo, uma chuva absurda, mais nada que uma cidade com o porte de São Paulo não deva agüentar, no rádio do carro técnicos da CET – Cia. de Engenharia de Trafego “implorando” para que evitassem as marginais, segundo os mesmos pelo “volume de trânsito” e por “pontos de alagamento”.
Eu atônito sem saber o que fazer, só restava observar as obras anunciadas pela prefeitura e pelo governo do estado, obras que representam retirar as poucas arvores que ficavam entre um canteiro e outro, esparsas é verdade, mais que ali representam um pouco de drenagem na margem daquele rio tão castigado pela poluição e tudo que já sabemos.
Demorei cerca de sete horas pra conseguir chegar em casa e é lógico que a reunião foi pro “espaço”.
Quarta feira 09 de setembro de 2009 o dia amanheceu chuvoso ainda, mais sem o volume de água da véspera e novamente no rádio do carro o Governador falando que a obra não trará impacto nenhum ao meio ambiente, pois a retirada das arvores será compensada com o plantio de outras arvores e que “a marginal já estava aí, é um fato temos que melhorar a fluidez” ou “os críticos acham que devemos ir ao aeroporto de Cumbica de burrinhos”...
Não acreditei no que ouvi... Qualquer um com um pouco de discernimento sabe que impermeabilizando você não consegue drenar a água, e que com água na pista você não vai conseguir fluidez nenhuma, nem da própria água do rio que infelizmente é parada pela poluição que reina nesta parte do Tietê.
Achei que só podia ser brincadeira e que como ele falou em compensação de fato haveria alguma. No momento seguinte o repórter entrevista um técnico em meio ambiente, responsável pela engenharia hidráulica, se não me engano da USP e esse fala qual seria a compensação anunciada, um plantio de mais de não sei quantas arvores na margem do rio Tietê, só que em Guarulhos!!!
Lembrei de uma poesia de Mário de Andrade do tempo de escola, chamada “A Meditação sobre o Tietê”, que logo de início diz assim:

“Água do meu Tietê,
Onde me queres levar?
- Rio que entras pela terra
E que me afastas do mar...”


Mário de Andrade profético já previa um Kassab e um Serra afastando os paulistanos de seus destinos, inclusive do Mar...
E afinal de contas, drenar pra que? Se o Sertão vai virar Mar... Porque não, São Paulo pode acompanhar...
A rima não foi intencional mais tá aí com a ajuda do prefeito e do governador com seu "burrinho e tudo...

Eduardo Facchini

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